quinta-feira, 21 de julho de 2016

"O Que É a Propriedade?" vs "Teoria da Propriedade"?

"O Que É a Propriedade?" vs "Teoria da Propriedade"?
Eu fui até Portland hoje para dar entrada na livraria radical em que eu estou me voluntariando e para examinar algum material não traduzido em um ambiente novo. Sempre parece limpar minha cabeça, mesmo simplesmente sair de bonde e trabalhar um pouco. E consigo ter certeza de ter um colo livre de gatos, o que não é o caso no meu escritório em casa. Como eu mencionei, tenho estado trabalhando no "Sumário dos meus primeiros trabalhos sobre a propriedade", da obra postumamente publicada de Proudhon "A Teoria da Propriedade". Nesse capítulo, Proudhon faz algumas críticas próprias de "O Que É a Propriedade?", que eu eventualmente terei que olhar, e dá uma longa (51 páginas) descrição do desenvolvimento de seu pensamento. Como eu mencionei para Erik, a maioria das obras posteriores não estão traduzidas, então é muito difícil lidar diretamente com esse desenvolvimento nesse tipo de ambiente.

Mas o desenvolvimento da teoria de Proudhon sempre assombra qualquer discussão dela em círculos tão ideologicamente diversos quanto a audiência deste seminário. Seria legal se pudessemos esclarecer a natureza do desenvolvimento e enterrar esse fantasma em particular um pouco.

E talvez possamos. Rafael já fez observações sobre a "fórmula Hegeliana" de Proudhon, que o leva a pensar sobre a liberdade como a "síntese do comunismo e da propriedade". Nas páginas 258-9, Proudhon escreve:

"O comunismo - a primeira expressão da natureza social - é o primeiro termo do desenvolvimento social, - a TESE; a propriedade, o inverso do comunismo, é o segundo termo, - a ANTÍTESE. Quando tivermos descoberto o terceiro termo, a SÍNTESE, teremos a solução necessária. Ora, esta síntese necessariamente resulta da correção da tese pela antítese. Portanto, é necessário, através de um exame final de suas características, eliminar aqueles aspectos que são hostis à sociabilidade. A união dos dois restos nos dará a verdadeira forma da associação humana."

Ele então prossegue dizendo que:

"Os objetivos do comunismo e da propriedade são bons - seus resultados são ruins. E por quê? Porque ambos são exclusivos, e cada um desconsidera dois elementos da sociedade. O comunismo rejeita a independência e a proporcionalidade; a propriedade não satisfaz a igualdade e a lei."

O "aspecto hostil” de ambos os princípios opostos é sua parcialidade. Se todos os quatro elementos forem abrangidos, então teremos liberdade. "Síntese", neste caso, é uma reconstrução completa dois dois princípios antinômicos. O resulto é anarquista porque não requer nem deixa espaço para o "govermentalismo", que Proudhon associou com o "comunismo" (mais ou menos).

Ora, a transformação do pensamento de Proudhon envolveu uma série de compreensões e desenvolvimentos. Para nossos propósitos, no entanto, o importante é provavelmente o que vemos em "Brinde à Revolução", onde Proudhon sugere que as preocupações individuais e coletivas não podem simplesmente ser aliadas, que elas não são simplesmente opostas e que uma individualização completa dos interesses e das atividades é a estrada para uma forma legítima de centralização não-estatal.

Salte adiante para a fórmula de "A Teoria da Propriedade", onde Proudhon adota a propriedade simples, a despeito de suas tendência absolutistas, egoístas e despóticas (com limitações dos termos com base na ocupação e uso). Esta é uma grande mudança a partir de sua posição de 1840?

Eu quero sugerir que não é. Temos essencialmente os mesmos termos, uma tendência centralizadora e um absolutismo individual. A única coisa que realmente mudou é o entendimento de Proudhon sobre o "sistema de contradições". Em "Justiça na Revolução e na Igreja", ele chegou a uma percepção sobre a "dialétics":

"L'ANTINOMIE NE SE RÉSOUT PAS : là est le vice fondamental de toute la philosophie hégélienne. Les deux termes dont elle se compose se BALANCENT, soit entre eux, soit avec d'autres termes antinomiques"

Isto é, "A antinomia não se resolve". Ele não é resolvida. "Os dois termos dos quais ela é composta são contrabalançados, seja um pelo outro ou por outros termos antinômicos.”

Se Proudhon tivesse abordado a questão desta maneira em 1840, a fórmula lógica para a "terceira forma da sociedade" não seria o balanço ou equilíbrio, o contraponto de propriedade e comunismo? Em 1840, já temos o reconhecimento de que "os objetos do comunismo e da propriedade são bons". Isto não é essencialmente o reconhecimento de que qualquer um dos dois poderia ser justificado de acordo com suas "metas"?

Parece-me que muito pouco, além da opinião de Proudhon sobre se "a antinomia se resolve" ou não, realmente muda. E isso nos deixa com basicamente três respostas: 1) preferir a abordagem de 1840; 2) preferir a abordagem da década de 1860; ou 3) sentir que os termos estão essencialmente mal concebidos.

Talvez isso enterre o fantasma um pouco.

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