Do Imediatismo
por Uriel Alexis
Há pessoas que acreditam que o passado é melhor que o presente, lhes chamamos de "pessimistas", "retrógradas" e "reacionárias". Há pessoas que acreditam que o futuro é melhor que o presente, lhes chamamos de "otimistas", "progressistas" e "revolucionárias". Há, contudo, uma terceira posição: a que acredita que não há tempo melhor que o presente. Chamemos-lhes "imediatistas", por ora.
Pessoas imediatistas são as que acreditam que as coisas são melhores se feitas sem intermediários. Que creem que o melhor contato é o direto. Que o melhor momento e o melhor lugar para agir é aqui e agora. Que a melhor forma de agir é a autônoma e independente e que agir é melhor que esperar.
Elas não olham para o passado com ressentimento ou nostalgia, buscando prever o futuro através dele. Não olham para o futuro com ansiedade ou antecipação, buscando regras universais para entendê-lo. Elas não fazem historiografia nem adivinhação. Não expiam pecados passados, tampouco aguardam a escatológica redenção.
Elas, pelo contrário, tiram suas teorias da prática. Buscam entender as condições atuais e o que pode ser mudado. Desejam uma descrição local e pragmática do que precisa e pode ser feito. Descobrem sua moral em suas relações imediatas, e não em construções abstratas. Regozijam na experiência direta dos sentidos e da alma. Não restringem sua animalidade como algo impuro. Transcendem na imanência. Veem Deus na Natureza.
Sem representantes e canais, resolvem e conversam sem pedir permissão. A autoridade lhes incomoda pois lenta. O planejamento lhes é inútil porque atravanca. ‘Organização é supressão’, Nick Land afirma. Seu comportamento caótico lhes é a ordem necessária. Exploram e perscrutam o mundo material sem regras. Especulam sobre o fluxo do rio estratificado de intensidades que corre da origem do tempo ao desconhecido, e lhes perpassa e nelas se represa apenas momentaneamente. Essa existência humana lhes é tão pouco cara quanto qualquer outra. Lhes importa o processo, a experiência.
Por sua rejeição da mediação, podem ser chamadas "imediatistas". Por sua paixão pelo agora e pela ágora - onde se vêem como Diógenes -, podem ser chamadas "agoristas". Por seu desejo de exploração do mundo, podem ser chamadas de “realistas especulativas”. Por sua rejeição da autoridade e das regras, podem ser chamadas “anarquistas”.
Que venham.
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