O Mundo Não É Um Lugar Frio e Sombrio
por Uriel Alexis
Vejo pessoas que estão constantemente reclamando sobre sua solidão, sobre quão deserto e cruel o mundo às vezes é. Mas quão rápido elas se esquecem de que esse deserto e essa crueldade vêm de seus próprios corações.
Em tempos em que é comum desprezar as pessoas por sua aparência ("você é só uma vaca gorda!"), por seu comportamento sexual ("ela é uma vadia!") e, na verdade, por basicamente qualquer coisa, não é surpresa alguma que amor e amizade verdadeiros sejam difíceis de se encontrar.
O problema não é que a promiscuidade ou a ambição tenham aumentado, o problema é que a frieza e a maldade aumentaram. Satisfazemo-nos com violência e tortura. Ignoramos estupros, ou os culpamos sobre a vítima. Lidamos com as pessoas mais pobres ou mais fracas como com gado (e lidamos com gado da forma que lidamos). Reunimo-nos em nossos grupos, decidimos as verdades, exaltamos nossas qualidade e tiranizamos o mundo. Em qualquer grupo que seja, buscamos a diferença e a suprimimos. Silenciamos. Chacinamos. E, desta forma, nos tornamos pessoas frias e duras como pedra, esquecemos o que é a simpatia e a compaixão, e sentimos um gosto constante de medo.
Ainda assim, pedimos misericórdia para nós, pedimos amor e ternura, e permanecemos lamentando nossa própria solidão. Aqui nossa contradição se manifesta.
A verdade é que somos muito exigentes. Muito restritivs. Tods temos "discernimento". Escolhemos todos os aspectos de quem vive conosco, e quase nunca tentamos entender, aprender ou sequer testemunhar qualquer coisa nova. Vemos pessoas diferentes como uma infecção que queremos evitar.
Vamos acabar simplesmente não sendo escolhids.
Então, seria interessante que, da próxima vez que encontrarmos uma pessoa diferente, alguém que não concorda com nossas verdades ou não se enquadra em nossos ideais, tentemos não dizer o que nela que nos incomoda. Em vez disso, vamos tentar encontrar o prazer de conhecer sua alma como ela é, especialmente porque ela é. Vamos tentar estabelecer alguma simpatia, algum reconhecimento mútuo, que, afinal, são a base de nossas ações éticas. Apenas então saberemos que o mundo não é um lugar frio e sombrio.
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