Gary Chartier (2010)
[Tradução
parcial realizada por Marcelo de Arruda, Diretor Acadêmico do ILA – Instituto
Liberal de Alagoas, disponível em <http://www.il-al.com.br/os-defensores-do-livre-mercado-devem-se-
opor-ao-capitalismo/>. A tradução abaixo foi
revisada, alterada e expandida por Uriel Alexis]
I. Introdução
Defensores de mercados libertos
têm boas razões para identificar sua posição como uma espécie de “anti-capitalismo”.[1]
Para explicar o porquê, eu diferencio três significados possíveis para
“capitalismo” antes de sugerir que as pessoas comprometidas com mercados
libertos devem se opor ao capitalismo no meu segundo e terceiro sentidos.
Depois oferecerei algumas razões para utilizar “capitalismo” como um rótulo
para alguns dos arranjos sociais que os defensores do mercado liberto deveriam
contestar.
II. Três definições de “capitalismo”
Existem pelo menos três definições
distintas para “capitalismo”:[2]
capitalismo1
|
um sistema econômico que possui
direitos de propriedade e trocas voluntárias de bens e serviços.
|
capitalismo2
|
um sistema econômico que possui
uma relação simbiótica entre grandes empresas e o governo.
|
capitalismo3
|
domínio – dos locais de
trabalho, da sociedade e (se existir um) do estado – por capitalistas (isto é, por um número relativamente pequeno de
pessoas que controlam a riqueza que pode ser investida e os meios de
produção)[3]
|
O
capitalismo1 simplesmente é
um mercado liberto; então se “anticapitalismo” significasse oposição ao
capitalismo1, “anti-capitalismo de livre mercado” seria um oximoro.
Mas os defensores do anti-capitalismo de livre mercado não se opõem ao
capitalismo1; ao invés disso, eles são contrários ou ao capitalismo2,
ou a ambos o capitalismo2 e o capitalismo3.[4]
Muitas
pessoas parecem empregar definições que combinam elementos desses diferentes
sentidos de "capitalismo". Tanto entusiastas quanto críticos do
capitalismo parecem muito frequentemente utilizar a palavra como algo parecido
com “um sistema econômico que possui direitos de propriedade e trocas
voluntárias de bens e serviços e, portanto,
previsivelmente, dominado por capitalistas”. Mas existe boas razões para
desafiar essa suposição de que a dominação de um pequeno número de pessoas
ricas seja um aspecto possível em um mercado liberto. Tal dominação é possível
somente quando o uso da força e da fraude impede a liberdade econômica.
III. Por que o capitalismo2 e
capitalismo3 são inconsistentes com os princípios do mercado liberto
A.
Introdução
O
capitalismo2 e o capitalismo3 são ambos inconsistentes
com os princípios do mercado liberto: o capitalismo2 porque envolve uma
interferência direta com a liberdade de mercado, o capitalismo3
porque depende dessa intervenção – tanto passada quanto atual – e porque bate
de frente com o comprometimento geral com a liberdade que está na base da
defesa da liberdade de mercado em particular.
B. O
Capitalismo2 Envolve Intervenção Direta na Liberdade de Mercado
O
capitalismo2 é claramente inconsistente com o capitalismo1
e, assim, com um mercado liberto. Sob o capitalismo2, políticos
interferem com os direitos de propriedade pessoal e com as trocas voluntárias
de bens e serviços para enriquecerem a si mesmos e a seus constituintes, e grandes empresas influenciam políticos
com objetivo de fomentar interferências com direitos de propriedade e trocas
voluntárias para enriquecerem a si mesmas e a seus aliados.
C. O
Capitalismo3 Depende de Intervenção Passada e Atual na Liberdade de
Mercado
Existem
três maneiras nas quais o capitalismo3 pode ser entendido como
inconsistentes com o capitalismo1 e, assim, com um mercado liberto.
A primeira depende uma visão plausível, ainda que contestável, sobre a operação
dos mercados. Chame essa visão de que Mercados Enfraquecem Privilégios (MEP).
De acordo com a MEP, em um mercado liberto, ausentes os tipos de privilégios
concedidos aos (normalmente bem conectados) beneficiários do poder estatal sob
o capitalismo2, a riqueza seria amplamente distribuída e empresas
grandes e hierárquicas se provariam ineficientes e não sobreviveriam.
Tanto
porque a maioria das pessoas não gosta de trabalhar em ambientes de trabalho
hierárquicos, quanto porque organizações mais horizontais e ágeis seriam muito
mais viáveis do que as imensas e desajeitadas sem o apoio do governo às grandes
corporações, a maioria das pessoas em um mercado liberto trabalharia como
contratantes independentes ou em parcerias ou cooperativas. Haveria um número
bem menor de grandes empresas, aquelas que ainda existissem não seriam tão
imensas quanto as gigantes corporativas de hoje, e a riqueza social estaria
vastamente dispersa em meio a um vasto número de empresas menores.
Outros
privilégios para os politicamente bem conectados que tendem a tornar e manter
as pessoas pobres — pense em licenciamento ocupacional e leis de zoneamento,
por exemplo — estariam ausentes em um mercado liberto.[5] Então, as pessoas
comuns, mesmo aquelas no parte inferior da escada econômica, teriam uma
probabilidade maior de desfrutar de um nível de segurança econômica suficiente
que lhes possibilitaria largar um emprego em um ambiente de trabalho
desagradável, incluindo grandes empresas. E, já que uma sociedade livre não
possuiria um governo com o suposto direito, muito menos a capacidade, de
interferir com os direitos pessoais de propriedade e com as trocas voluntárias,
aqueles que ocupam o topo da escada social no capitalismo3 não
seriam capazes de manipular os políticos para ganhar e manter riqueza e poder
em um mercado liberto, de modo que a propriedade sobre os meios de produção não
estaria concentrada em algumas poucas mãos.
Além
da contínua intervenção na liberdade de mercado, a MEP sugere que o capitalismo3
não seria possível sem atos passados de injustiça em grande escala. E há uma extensa evidência da imensa
interferência com os direitos de propriedade e com a liberdade de mercado, interferência
essa que levou ao empobrecimento de um enorme número de pessoas, na Inglaterra,
nos Estados Unidos e em outros lugares.[6] Defensores de mercados libertos
deveriam, assim, contestar o capitalismo3 porque os capitalistas só
são capazes de dominar em virtude das
violações em grande escala e sancionadas pelo Estado dos direitos de
propriedade legítimos.
D. A Defesa do Capitalismo3 é
Inconsistente com a Defesa da Lógica Fundamental da Liberdade
O
capitalismo3 também poderia ser entendido como inconsistente com o
capitalismo1 à luz da lógica fundamental da defesa dos mercados
libertos. Sem dúvida, algumas pessoas são a favor de direitos pessoais de
propriedade e de trocas voluntárias — o capitalismo1 — por sua
própria causa, sem tentar integrar a defesa do capitalismo1]em um
entendimento mais amplo da vida e da interação social humanas. Para outras,
contudo, a defesa do capitalismo1 reflete um princípio subjacente de
respeito pela autonomia pessoal e pela dignidade. Aqueles que assumem essa
visão — defensores do que eu chamarei de Liberdade Abrangente (LA) — querem ver
as pessoas livres para se desenvolverem e florescerem como desejarem, de acordo
com suas próprias preferências (desde que elas não agridam aos outros).
Proponentes da LA valorizam não apenas a liberdade contra a agressão, mas
também a liberdade do tipo de pressão social que as pessoas podem exercer
porque elas ou outras se envolveram em agressões ou se beneficiaram delas, assim como a liberdade contra pressões
sociais não agressivas, mas irracionais — talvez mesquinhas e arbitrárias — que
restringem as opções das pessoas e suas capacidades para moldarem suas vidas
como preferirem.
Valorizar
diferentes tipos de liberdade de maneira enfática não é o mesmo que aprovar que
os mesmos tipos de soluções usados para agressão sejam usados para esses tipos
diferentes de liberdade. Embora a maioria dos defensores da LA não seja
pacifista, eles não querem ver argumentos sendo resolvidos à mira de uma arma;
eles se opõem inequivocamente à violência agressiva. Então, eles não supõem que
indignidades mesquinhas merecem respostas violentas. Ao mesmo tempo, contudo,
eles reconhecem que não faz sentido favorecer a liberdade como um valor
universal enquanto se trata ataques não-violentos às liberdades das pessoas
como triviais. (Desta forma, eles preferem a utilização de uma variedade de
respostas não violentas a esses ataques, incluindo humilhação pública, listas
negras, greves, protestos, recusa de certificações privadas e boicotes.)[7]
A
LA fornece, então, mais uma razão para se opor ao capitalismo3. A
maioria das pessoas comprometidas com a LA acham a MEP muito plausível e,
assim, estão inclinadas a pensar sobre o capitalismo3 como um
produto do capitalismo2. Mas o entendimento da liberdade como um
valor multidimensional que pode estar sujeito a ataques tanto violentos quanto
não violentos fornece boas razões para se opor ao capitalismo3,
mesmo que — como é muito improvável — ele ocorresse em completo isolamento do
capitalismo2.
E.
Conclusão
O
capitalismo2 e o capitalismo3 são ambos inconsistentes
com os princípios do mercado liberto: o capitalismo2 porque envolve
intervenção direta na liberdade de mercado, o capitalismo3 porque
depende dessa intervenção — tanto passada quanto atual — e também pela razão de
bater de frente com o comprometimento geral com a liberdade que está na base da
defesa da liberdade de mercado em particular.
IV. Por que os defensores do mercado liberto
deveriam chamar o sistema a que se opõem de “capitalismo”
Dados
os significados contraditórios do termo “capitalismo”, talvez pessoas sensatas
devessem evitar sua utilização em geral. Mas "as palavras são conhecidas
pelas companhias que mantêm";[8] então, embora certamente eles não devam a
utilizar para definir o sistema que elas defendem, existem boas razões para os
defensores dos mercados libertos utilizarem essa palavra para aquilo a que se
opõem.[9]
1.
Para Enfatizar a Indesejabilidade Específica do Capitalismo3.
Rótulos como “capitalismo de estado” e “corporativismo” capturam o que há de
errado com o capitalismo2, mas não atinge profundamente o problema
do capitalismo3. Mesmo que, como parece ser plausível, o domínio dos
capitalistas necessite de uma explicação política — uma explicação em termos do
mau comportamento independente dos políticos e da manipulação dos políticos por
líderes empresariais[10] — é válido se opor ao domínio das grandes corporações
em adição ao questionamento da simbiose entre empresas e governo. Na medida em
que aqueles que possuem e lideram grandes corporações são frequentemente
rotulados de “capitalistas”, identificar o que os defensores da liberdade se
opõem como “capitalismo” ajuda a evidenciar apropriadamente a crítica ao
capitalismo3.
2. Para
Diferenciar Defensores dos Mercados Libertos de Entusiastas Vulgares do Mercado.
A bandeira "capitalista" é frequentemente levantada de forma
entusiasta por pessoas que estão inclinadas a confundir o apoio ao livre
mercado com apoio ao capitalismo2 e ao capitalismo3 —
talvez ignorando a realidade ou a natureza problemática de ambos, talvez até
celebrando o capitalismos3 como apropriado sob a luz do suposto
caráter admirável dos titãs empresariais. Opor-se ao “capitalismo” ajuda a
garantir que os defensores do livre mercado não sejam confundidos com
apoiadores vulgares de uma liberdade-em-favor-das-elites-do-poder.
3.
Para Enfatizar Que o Mercado Liberto Realmente é um Ideal Desconhecido.
De maneira similar, considerando a frequência que a ordem econômica
contemporânea nas sociedades ocidentais é classificada como “capitalismo”,
qualquer um que reconheça a vasta lacuna entre os ideais de liberdade e uma
realidade econômica distorcida por privilégios e deformada por atos passados de
violenta desapropriação vai ter uma boa razão para se opor ao que é normalmente
chamado de capitalismo, ao invés de abraçá-lo.
4. Para
Desafiar uma Concepção da Economia de Mercado que Trata o Capital como Mais
Fundamental que o Trabalho. Múltiplos fatores de produção — incluindo,
particularmente, o trabalho — contribuem para a operação de uma economia de mercado.
Referir-se a essa economia como "capitalismo" é implicar,
incorretamente, que o capital desempenha o papel mais central em uma economia
de mercado e que o "capitalista", o proprietário absenteísta da
riqueza que pode ser investida, é, em última análise, mais importante do que as
pessoas que são as fontes de trabalho. Defensores de mercados libertos deveriam
rejeitar essa visão imprecisa.[11]
5. Para
Reivindicar o "Socialismo" para os Radicais do Mercado Liberto.
"Capitalismo" e "socialismo" são caracteristicamente vistos
como se formassem um par opositor. Mas era precisamente o rótulo de
"socialista" que um proponente radical dos mercados libertos,
Benjamin Tucker, tinha na época em que esses termos estavam sendo
apaixonadamente debatidos e definidos.[12] Tucker claramente não via nenhum
conflito entre seu intenso comprometimento com os mercados libertos e sua
afiliação à Primeira Internacional. Isso porque ele entendia o socialismo como
uma questão de liberar os trabalhadores da opressão de aristocratas e
executivos empresariais e ele — de forma plausível — acreditava que acabar com
os privilégios conferidos a elites econômicas pelo estado seria a maneira mais
efetiva — e mais segura — de alcançar a meta liberadora do socialismo. Opor-se
ao capitalismo ajuda a sublinhar o importante lugar de radicais como Tucker na
linhagem do movimento pela liberdade contemporâneo e a fornecer aos atuais
defensores da liberdade uma base persuasiva para capturar o rótulo socialista
dos socialistas de estado. (Isso é
especialmente apropriado porque defensores da liberdade acreditam que a
sociedade — pessoas conectadas cooperando livre e voluntariamente — ao invés do
estado deveria ser vista como a fonte de soluções para os problemas humanos.
Desta forma, pode-se razoavelmente dizer que elas favorecem o socialismo, não como um tipo, mas como
uma alternativa ao estatismo.)[13]
Abraçar o anti-capitalismo sublinha o fato de que os mercados libertos oferecem
uma maneira de alcançar metas socialistas — fomentando o empoderamento dos
trabalhadores e a ampla dispersão da propriedade e do controle sobre os meios de produção — usando
meios de mercado.[14]
6. Para
Expressar Solidariedade com os Trabalhadores. Se a MEP está correta, a
capacidade das grandes empresas — o "capital" — de maximizar a
satisfação de suas preferências mais plenamente do que os trabalhadores são
capazes de maximizar a sua satisfação é uma função da simbiose empresas-estado,
que é inconsistente com os princípios do mercado liberto. E, por uma questão de
defesa da LA, frequentemente há mais razão para ficar do lado dos trabalhadores
quando eles estão sendo ameaçados, mesmo que de maneira não agressiva. Na
medida em que os chefes a que os trabalhadores se opõem frequentemente são
chamados de "capitalistas",
de modo que "anti-capitalismo"
perece um rótulo natural para sua oposição a esses chefes, e na medida em que
os mercados libertos — em contraste com o capitalismo2 e o
capitalismo3 — aumentariam dramaticamente as oportunidades para que
os trabalhadores simultaneamente moldassem os contornos de suas próprias vidas
e experimentassem uma prosperidade e uma segurança econômica maiores, adotar o
"anti-capitalismo" é uma maneira de sinalizar claramente
solidariedade com os trabalhadores.[15]
7. Para
Se Identificar com as Preocupações Legítimas do Movimento Anticapitalista
Global. Concordar com o "anti-capitalismo" também é uma maneira,
mais amplamente, de se identificar com as pessoas comuns ao redor do mundo que
expressam sua oposição ao imperialismo, ao poder cada vez maior das corporações
multinacionais em suas vidas e à sua crescente vulnerabilidade econômica
chamando seu inimigo de "capitalismo". Talvez alguma delas endossem
relatos teóricos imprecisos de suas circunstâncias, de acordo com os quais realmente
é um sistema de mercados libertos — o capitalismo1 — que deveria ser
entendido como estando por trás do que elas opõem. Mas para muitas delas,
contestar o "capitalismo" não significa realmente se opor aos
mercados libertos; significa usar um rótulo conveniente fornecido por críticos
sociais que estão preparados — como os defensores da liberdade muito
frequentemente não estão, infelizmente — para se levantar com elas ao desafiar
as forças que parecem empenhadas em deformar suas vidas e aquelas dos outros.
Defensores da liberdade têm uma oportunidade de ouro de construir um terreno
comum com essas pessoas, concordando com elas sobre a injustiça de muitas das
circunstâncias que elas confrontam, ao passo em que fornecem uma explicação embasada na liberdade das
suas circunstâncias e uma solução
para os problemas concomitantes.[16]
V. Conclusão
Trinta e cinco anos atrás, Karl
Hess escreveu: "Eu perdi minha fé no capitalismo" e "Eu resisto
ao estado-nação capitalista", observando que ele havia se "afast[ado]
da religião do capitalismo"[17]. Distinguir três sentidos de
"capitalismo" — ordem de mercado, parceria de empresas, e governo e
domínio dos capitalistas — ajuda a deixar claro por quê, como Hess, alguém
poderia estar consistentemente comprometido com a liberdade ao passo em que
exprime uma oposição apaixonada a algo chamado "capitalismo". Faz
sentido que os defensores dos mercados libertos se oponham tanto a interferência com a liberdade de mercado por políticos e
líderes empresariais quanto ao
domínio social (agressivo ou não) dos líderes empresariais. E faz sentido que
eles chamem aquilo a que se opõem de "capitalismo". Fazê-lo chama
atenção para as raízes radicais do movimento da liberdade, enfatiza o valor de
entender a sociedade como uma alternativa ao estado, ressalta a diferença entre
o ideal do mercado liberto e a realidade presente, sublinha o fato de que
proponentes da liberdade contestam restrições não agressivas à liberdade assim
como às agressivas, garante que os defensores da liberdade não sejam confundidos
com pessoas que usam a retórica do mercado para sustentar um status quo injusto
e expressa solidariedade entre os defensores dos mercados libertos e os
trabalhadores — assim como com as pessoas comuns ao redor do mundo que usam
"capitalismo" como rótulo abreviado para o sistema mundial que
restringe sua liberdade e dificulta suas vidas. Defensores do mercado liberto
deveriam adotar o "anti-capitalismo" a fim de encapsular e ressaltar
seu comprometimento completo para com a liberdade e sua rejeição de alternativa
que usam o discurso da liberdade para ocultar uma aquiescência à exclusão, à
subordinação e à privação.[18]
NOTAS
[1] Para "mercados libertos", vide William Gillis,
"O Mercado Liberto", cap. 1 (pag-pag), neste volume; para "anti-capitalismo
de livre mercado", vide Kevin A. Carson, Mutualist Blog: Free Market Anticapitalism (n.p.) <http://mutualist
.blogspot.com>
(Dec. 31, 2009)
[2] Compare Charles Johnson,
“Anarquistas por La Causa”, Rad Geek People’s Daily (n.p., March 31, 2005) <http://radgeek.com/gt/2005/03/31/anarquistas_por/> (Dec. 31, 2009); Roderick T.
Long, “POOTMOP
Redux” Austro-Athenian
Empire (n.p., June 22, 2009) <http://aaeblog.com/2009/06/22/pootmop-redux/> (Dec. 31, 2009); Fred
Foldvary, “When Will Michael Moore Nail Land Speculators?”, The Progress Report (n.p., Oct. 19, 2009) <http://www.progress.org/2009/fold635.htm> (Jan. 18, 2010).
"Capitalismo", no terceiro sentido de Johnson se refere ao
"trabalho direcionado por um chefe", ao passo que a expressão
paralela de Long, "capitalismo-2", denota "controle dos meios de
produção por alguém além dos trabalhadores–i.e., por proprietários
capitalistas". A proposta paralela de Foldvary é "exploração do
trabalho pelos grandes proprietários do capital". Estou inclinado a pensar
que muitos daqueles que empregam "capitalismo" no sentido pejorativo
pretendem que ele abranja a dominância por capitalistas de todas as
instituições sociais e não apenas dos locais de trabalho, embora eles sem
dúvida vejam a dominância social e dominância do local de trabalho como
conectadas. De qualquer forma, supor que elas estejam fornece uma magra
justificativa para distinguir minha tipologia daquelas oferecidas por Johnson,
Long e Foldvary. Para uma discussão mais antiga, por parte de um libertário, do
caráter inerentemente ambíguo de "capitalismo", vide Clarence B.
Carson, “Capitalism: Yes and No”, The
Freeman:
Ideas on Liberty
35.2 (Feb. 1985): 75-82 (Foundation for Economic Education) <http://www.thefreemanonline.org/columns/
capitalism-yes-and-no> (March 12, 2010); agradecimentos a
Sheldon Richman por trazer este artigo à minha atenção.
[3] Ao passo em que o capitalismo2
sempre ocorre quando quer que as empresas e o estado estejam juntos na cama,
sob o capitalismo3, as empresas estão claramente por cima.
[4] Não está claro quando a
palavra "capitalismo" foi primeiro empregada (o Oxford English Dictionary identifica William Makepeace Thackeray
como o primeiro usuário do termo: vide The Newcomes: Memoirs of a Most Respectable Family, 2 vols. [London: Bradbury
1854–5] 2:75). Em contraste, "capitalista" enquanto pejorativo tem
uma história mais antiga, aparecendo pelo menos desde 1792 e figurando
repetidamente na obra do socialista de livre mercado Thomas Hodgskin: vide, p.
ex., Popular Political Economy: Four Lectures Delivered at the London Mechanics Institution (London:
Tait 1827) 5, 51-2,
120, 121, 126, 138, 171 (“capitalistas gananciosos”!), 238-40, 243, 245-9,
253-7, 265; The Natural and Artificial Right of Property Contrasted: A Series of Letters, Addressed
without Permission to H. Brougham,
Esq. M.P. F.R.S.
(London:
Steil 1832) 15, 44,
53, 54, 67, 87, 97-101, 134-5, 150, 155, 180. O uso pejorativo ocorre quase
oitenta vezes por todas as trinta e poucas páginas do Labour Defended against the Claims of
Capital, or, The Unproductiveness of Capital Proved
(London: Knight 1825) de Hodgskin. Também é possível encontrar
"capitalista" sendo empregado de maneiras menos do que elogiosas por
outro notável liberal clássico: vide John Taylor, Tyranny Unmasked (Washington: Davis 1822).
[5] Para uma crítica devastadora
de regras—frequentemente apoiadas por políticos em dívida para com pessoas
ricas e bem conectadas que esperam benefícios deles—que sistematicamente tornam
e mantêm as pessoas pobres, vide Charles Johnson, “Scratching By: How Government Creates Poverty As We Know It”, The Freeman: Ideas on Liberty 57.10 (Dec. 2007): 33-8
(Foundation for
Economic Education)
<http://www.thefreemanonline.org/featured/
scratching-by-how-government-creates-poverty-as-we-know-it> (Jan. 2, 2010). [Nota do
Tradutor: Versão em português disponível em: <http://liberacaohumana.blogspot.com/2015/06/
segurando-as-pontas-como-o-governo-cria.html>. Acesso em 14 de Jul. de 2018)
[6] Compare Albert Jay Nock,
Our Enemy the State (New York: Morrow
1935); Kevin A. Carson, “The Subsidy of History”, The Freeman: Ideas on Liberty 58.5 (June 2008): 33-8 (Foundation
for Economic Education) <http://www.thefreemanonline.org/featured/the-subsidy-of-history> (Dec. 31, 2009); Joseph
R. Stromberg, “The American Land Question”, The
Freeman: Ideas on Liberty 59.6 (July-Aug. 2009): 33-8 (Foundation for
Economic Education) <http://www.thefreemanonline.
org/featured/the-american-land-question> (Dec. 31, 2009).
[7] Compare Charles Johnson,
“Libertarianism through Thick and Thin”, Rad
Geek People’s Daily (n.p., Oct. 3, 2008) <http://www.radgeek.com/gt/2008/10/03/libertarianism_through> (Dec. 31, 2009); Kerry
Howley, “We’re All Cultural Libertarians”, Reason
(Reason Foundation, Nov. 2009) <http://www.reason.com/archives/2009/10/20/are-property-rights-enough> (Dec. 31, 2009).
[8] Eu me familiarizei com
essa frase graças
a Nicholas Lash, Believing Three Ways in
One God: A Reading of the Apostles’ Creed (Notre Dame, IN: University of
Notre Dame Press 1992); vide, p. ex., 12. Mas ela parece, subsequentemente eu descobri, ter uma procedência legal
e ser uma tradução aproximada da frase latina noscitur a sociis.
[9] Por certo, proponentes dos
mercados libertos e, assim, do capitalismo1, poderiam obviamente se
referir ao capitalismo2, pelo menos, como "capitalismo de
estado", "capitalismo corporativo", "capitalismo realmente
existente" ou "corporativismo". Mas fazer isso não deixaria
clara sua oposição ao capitalismo3.
[10] Vide, p. ex, Roderick
T. Long, “Toward a Libertarian Theory of Class”, Social Philosophy and Policy 15.2 (Sum. 1998): 303-49; Tom G.
Palmer, “Classical Liberalism, Marxism, and the Conflict of Classes: The
Classical Liberal Theory of Class Conflict”, Realizing Freedom: Libertarian Theory, History, and Practice
(Washington: Cato 2009) 255-76; Wally Conger, Agorist Class Theory: A Left Libertarian Approach to Class Conflict
Analysis (n.p., n.d.) (Agorism.info, n.d.) <http://www.agorism.info/AgoristClassTheory.pdf> (Jan. 18, 2010); Kevin
A. Carson, “Another Free-for All: Libertarian Class Analysis, Organized Labor,
Etc.”, Mutualist Blog: Free-Market
Anticapitalism (n.p., Jan 26, 2006) <http://www.mutualist.blogspot.com/2006/01/
another-freefor-all-libertarian-class.html> (Jan. 18, 2010); Sheldon
Richman, “Class Struggle Rightly Conceived”, The Goal Is Freedom (Foundation for Economic Education, July 13,
2007) <http://www.fee.org/articles/in-brief/the-goal-isfreedom-class-struggle-rightly-conceived> (Jan. 18, 2010); Walter
E. Grinder e John Hagel, “Toward a Theory of State Capitalism: Ultimate
Decision Making and Class Structure”, Journal
of Libertarian Studies 1.1 (1977): 59-79.
[11] Vide Kevin A. Carson,
“Capitalism: A Good Word for a Bad Thing”, Center
for a Stateless Society <http://www.c4ss.org/content/1992> (Mar. 6, 2010).
[12] Vide Benjamin R.
Tucker, “State Socialism and Anarchism: How Far They Agree and Wherein They
Differ,” Instead of a Book: By a Man Too
Busy to Write One (New York: Tucker 1897) (Fair-Use.Org, n.d.) <http://www.fairuse.org/benjamin-tucker/instead-of-a-book> (Dec. 31, 2009). Cp.
Kevin A. Carson, “Socialist Definitional Free-for-All: Part II,” Mutualist Blog: Free Market Anticapitalism
(n.p., Dec. 8, 2005) <http://www.mutualist.blogspot.com/2005/12/socialist-
definitional-free-for-all_08.html> (Dec. 31, 2009); Brad
Spangler, “Re-Stating the Point: Rothbardian Socialism,” BradSpangler.Com (n.p., Oct. 10, 2009) <http://bradspangler.com/blog/archives/1458> (Dec. 31, 2009); Gary
Chartier, Socialist Ends, Market Means: 5
Essays (Tulsa, OK: Tulsa Alliance of the Libertarian Left 2009) (Center for
a Stateless Society, Aug. 31, 2009) <http://c4ss.org/wp-content/uploads/2009/08/Garychartier_forprint_binding.pdf> (Dec. 31, 2009).
[13] Agradeço a Sheldon Richman
por me ajudar a ver este ponto.
[14] Alex Tabarrok, “Rename Capitalism Socialism?” Marginal Revolution (n.p., jan. 25, 2010) <http://www.marginalrevolution.com/marginalrevolution/2010/01/rename-capitalism-socialism.html> (Feb. 3, 2010), mantém que:
"o capitalismo é um sistema verdadeiramente social, um sistema que une o mundo em cooperação, paz e comércio.
Desta forma, se tudo fosse tabula rasa,
socialismo poderia ser um bom nome para o capitalismo. Mas esse navio já
zarpou." Parece-me que Tabarrok não percebeu o ponto do argumento sobre
"capitalismo", que é precisamente se o que é regularmente rotulado
como "capitalismo" pela maioria das pessoas no mundo realmente é um
"sistema verdadeiramente social... que une o mundo em cooperação, paz e
comércio".
[15] Compare Sheldon
Richman, “Workers of the World Unite for a Free Market,” The Freeman: Ideas on Liberty (Foundation for Economic Education,
Dec. 18, 2009) <http://www.
thefreemanonline.org/tgif/workers-of-the-world-unite> (Dec. 31, 2009).
[16] "'Se você perguntasse,
"O que é anarquismo?" todos discordaríamos', disse Vlad Bliffet, um
membro do coletivo que organizava a... [Feira de Livros Anarquistas de Los
Angeles de 2010]. Embora a maioria dos anarquistas concorde com o princípio
básico de que o mundo seria melhor sem hierarquia e sem capitalismo, ele disse,
eles tem teorias concorrentes sobre como alcançar essa mudança" (Kate
Linthicum, “Book Fair Draws an Array of Anarchists,” LATimes.Com [Los Angeles
Times, Jan. 25, 2010] <http://www.latimes.com/news/local/la-me-
anarchists25-2010jan25,0,3735605.story?track=rss> [Jan. 27, 2010]). Dado o foco
na oposição à hierarquia no mundo real, suspeito eu, sem evidência, que a
objeção primária de Bliffet não era ao capitalismo como um sistema de
propriedade e troca no abstrato—o capitalismo1—mas sim à dominância
social pelo capitalistas—o capitalismo3. A falha em ver este ponto
tenderá a impedir uma aliança de outra forma natural, que foque em questões que
vão da guerra à tortura à vigilância às drogas à liberdade de expressão ao
corporativismo aos bailouts à descentralização ao alcance do
estado administrativo.
[17] Karl Hess, Dear America (New York: Morrow 1975) 3,
5. De maneira ainda
mais contundente, Hess escreve: "O que eu aprendi sobre o capitalismo
corporativo, a grosso modo, é que ele é um ato de roubo, em geral, através do
qual muitos poucos vivem muito alto do trabalho, da invenção e da criatividade
de muitos, muitos outros. É a Grande Espoliação de nossa época particular da
história, a Grande Espoliação na qual um futuro de liberdade que poderia ter se
seguido ao colapso do feudalismo foi roubado sob nossos narizes por um novo bando
de chefes fazendo as mesmas velhas coisas" (1). (Complicando a estória há
o fato de que Hess subsequentemente escreveu Capitalism
for Kids: Growing up to Be Your
Own Boss [Wilmington, DE: Enterprise 1987].)
[18] Brian Doherty, “Ayn Rand:
Radical for
Something Other Than Capitalism?”,
Hit and
Run: Reason
Magazine (Reason Foundation, Jan, 20, 2010) <http://www.reason.com/blog/2010/01/20
/ayn-rand-radical-for-something> (Jan. 21, 2010), relata: "Tenho sido feliz em usar capitalismo
no sentido ideal de Rand como aquele que os libertários americanos defendem...,
que eu acho que é verdadeiro e não acho que represente um problema intelectual,
de marketing ou histórico tão severo quando Long diz...". Doherty opina
que Long "é por demais negligente em sua conclusão de que o fato de que a
prosperidade ocidental pode ser atribuída à medida em que ela honrou os
direitos de propriedade, a livre troca e um sistema de preço merece apenas o
status intelectual daquela parte de nossa cultural que 'não está doente'".
Não me está muito claro o que significa dizer que "o sentido ideal de
Rand... é verdadeiro" (de qual maneira definições ou sentidos são
verdadeiros?) e estou inclinado a suspeitar que um grupo de alegações
praxeológicas, morais e históricas fornecem um apoio crível para a crítica da
esquerda libertária ao "capitalismo" e ao diagnóstico de muito da
ordem econômica vigente no Ocidente contemporâneo como doente. (Isso, muito
enfaticamente, não equivale a uma avaliação positiva das alternativas realmente
existentes.)
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