terça-feira, 3 de março de 2015

Por Novos Relacionamentos

Por Novos Relacionamentos
por Uriel Alexis

Talvez os relacionamentos fossem melhores se não sentíssemos nada.

Baseando-se em um ponto de vista puramente "racional" e calculista, qualquer relacionamento que seja estável e proporcione uma vida sexual deveria prosperar até o fim das vidas. Ele fornece todas as funções biológicas e societais pelas quais se busca um relacionamento.

É o "amor romântico" e a "paixão" (e as emoções associadas de ansiedade, impotência, medo, ciúmes, raiva, apego, etc.) que fodem tudo. Relacionamentos construídos sobre esse tipo de amor e confiança têm essa estranha propriedade de não durarem. Parece que seres humanos tendem a não se manterem amáveis e confiáveis por muito tempo.

Minha humilde teoria sobre isso é que esses sentimentos criam relacionamentos embasados em dependência mútua e no senso de exclusividade. Estes, por sua vez, criam sérios incentivos para que as pessoas considerem a pessoa amada como a principal ou única fonte de justificação e felicidade. Mas, como se vê, os seres humanos são um bocado fodidos, têm suas falhas e cometem seus erros. Quando você tem tanto investido em uma pessoa imperfeita, o desapontamento é certo. Para todos os lados.

Mas o apelo por relacionamentos sem emoção se justifica? Certamente, resolveria o problema. Para robôs, pelo menos. Mas uma vez que somos macaques pelads que não podem se livre de suas emoção, o que se deve fazer?

Uma opção, a escolhida até o momento, tem sido suportar toda a tristeza e a dor que estes relacionamentos eventual e obviamente disfuncionais trazem, e tentar outra vez, pelos bens maiores da estabilidade, família nuclear, filhes e sexo frequente.

Eu digo: foda-se essa merda. Tomemos o caminho mais raro: individualidade. Um relacionamento em que todas as partes estão auto-justificadas e são capazes de viver felizes por si mesmas tem muito mais probabilidade de resistir às agitações da interação inter-subjetiva. Tendo menos investido em nosses parceirs, as pessoas são muito mais capazes de ignorar, esquecer ou mesmo perdoar suas falhas. Sendo pessoas autônomas, parceirs tem pouco ou nenhum incentivo a se agarrarem a relações que são abusivas, ou que em geral não adicionem a seu bem-estar e felicidade.

Talvez, sob essas circunstâncias, sejamos de fato mais capazes de ver e sentir as pessoas, e adimirá-las pelo que elas realmente são, não por quão próximo elas emulam nossos ideais de investimento perfeito. Talvez desta forma estejamos mais próxims de um significado de amor que não seja similar à possessão, mas mais próximo de um carinho generoso, que se pareça menos com paternalismo e mais com parceria.

Apenas talvez...

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